TI Tradicional e TI Ágil são diferentes de muitas maneiras. Talvez uma forma eficaz de explicar a diferença é contextualizar como as aplicações e equipes estão inseridas nesses conceitos.
O Gartner define TI Bimodal como “a prática da gestão de dois modos distintos e coerentes de entrega de TI, um centrado na estabilidade e outro na agilidade.”.
TI Bimodal marca uma mudança, mas longe de tentar resolver todos os problemas de TI com uma única solução. Em vez disso, o modelo enfatiza uma forma mais flexível de lidar com dois conjuntos distintos de necessidades.
Modo 1: Refere-se a entrega sequencial e tradicional de TI, que coloca prioridade em matéria de segurança e precisão em detrimento à velocidade. Geralmente engloba aplicações de BackOffice em que as empresas estão estruturadas, por exemplo.
Modo 2: A prestação de serviços não é linear centrando-se em agilidade e velocidade. É adequado para ambientes onde os objetivos são menos estabelecidos e mais experimentais. Como exemplo, empresas que lançam novos produtos. Esses tipos de novos aplicativos requerem tempos mais rápidos da TI para colocar os produtos no mercado, mas com a segurança e testes adequados para mitigar potenciais riscos.
A iniciativa de TI Ágil nas empresas visa à abertura de novos mercados, fidelização de clientes, ampliação do mercado de atuação e diminuição do time-to-market para novos produtos. Isso implica substancialmente no controle e gerenciamento de aplicações digitais tais como aplicações mobile, e-commerce e outras aplicações web através da virtualização e do uso de infraestrutura em cloud. A equipe por sua vez é concebida como um time de desenvolvimento unificado e em linha através de gerentes de negócio, desenvolvedores, testadores e pessoal de operação, todos trabalhando colaborativamente através de metodologia de desenvolvimento ágil. A automação é estruturada dentro do processo, com infraestrutura e ferramentas para gerenciar maquinas virtuais em cloud e outros componentes e APIs, automatizando e gerenciando a maioria dos processos, incluindo integração e entrega contínua assim como a implantação de código na produção.
A TI Tradicional por sua vez encontra-se em um grande contraste. Considerando uma aplicação de missão crítica que tem evoluído lentamente durante anos, é provável que funcione em uma mistura de legado em execução em um datacenter privado ou hospedado. Os componentes do aplicativo em si podem ser, por exemplo, código legado, tornando-os de difícil portabilidade rápida para uma infraestrutura mais moderna. Com tal complexidade, o conjunto de aplicativos legados, que normalmente são de missão crítica, mantê-lo para área de TI, os desenvolvedores precisam criar atualizações e upgrades com a grande preocupação sobre sua qualidade, confiabilidade e o desempenho. A natureza global da equipe trabalhando em um aplicativo legado está muito longe da forma de trabalho das equipes no lado de TI ágil. Pelo contrário, é mais um conjunto solto de equipes, como desenvolvedores, testadores, segurança e conformidade, além de terceirizados e fornecedores. Normalmente o processo de desenvolvimento é baseado em waterfall, gerenciado por algum tipo de solução de Application Lifecycle Management (ALM). A automação é escassa, e, em particular, é preciso um muito tempo para reunir os recursos necessários para aqueles que desenvolvem e testam e outras equipes para executar seus trabalhos. Apesar disso, um ambiente de homologação que espelha um ambiente reduzido de produção, para testes, segurança, conformidade, etc. é considerado necessário para minimizar o tempo de downtime e outros riscos de qualidade. Como resultado, os ciclos de lançamento dos softwares podem esticar em muitos meses impactando o time-to-market.
Modernização da TI Tradicional
O sucesso de TI bimodal dentro de uma organização depende muito de uma solução ágil combinada com uma plataforma sólida e confiável para aplicativos tradicionais.
A combinação certa pode impulsionar a criação rápida de novos produtos e serviços, bem como fornecer uma gestão estável do legado tradicional, sem necessidade de um “caminhão de mudança” de todos os aplicativos.
Quando se trata de aplicações e infraestrutura de missão crítica, não se pode descuidar. Tomar simplesmente a cartilha para o uso de TI ágil e tentar aplicá-la de forma direta em uma aplicação legada geralmente não vai funcionar. Fazer a TI Tradicional mais ágil requer uma renovação sábia e de bom senso, usando o caminho certo para mitigar riscos levando em direção a práticas ágeis, mas sem dar um salto no escuro. Os passos nesse caminho precisam estabelecer os blocos de construção para a prática ágil sem impactar o aplicativo e ao mesmo tempo oferecer sólidos retornos ao longo desse tempo.
A TI Tradicional pode não ser o exemplo de uso da melhor tecnologia, mas normalmente é de missão crítica. O conceito de TI Bimodal do Gartner encoraja os CIOs para deixar as equipes de TI que usam metodologias ágeis a fazerem o seu trabalho para criar nova cultura e práticas. Traduzindo: isso para TI Tradicional requer uma abordagem mais gradual, progredindo de processos manuais para a modernização do código e automação de testes como o alicerce para a evolução do desenvolvimento. Dessa forma, a TI Tradicional pode “fazer o certo” e “fazê-lo mais rápido”.
Sobre o Autor: Adolfo Eric Petersen
Com mais de 25 anos de experiência no mercado de TI, Eric é atualmente Diretor de Serviços, Pré-vendas e Suporte na Eccox. Entre suas principais realizações podemos destacar a gestão e entrega de projetos no Banco Itaú Unibanco, Bradesco, Cielo e HP, estando na liderança também do suporte ao cliente, serviços profissionais e melhores práticas.